21 julho 2006

"E Depois Do Adeus"

Música: José Calvário
Letra: José Niza
(vencedora do festival da canção de 1974)
Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós

09 junho 2006

Histórias de (en)cantar

CACHAÇA

"Em 1938, era prefeito do Distrito Federal (Rio de Janeiro) Alaor Prata (meu tio-avô). Aconteceu uma praga de um pequeno inseto (nos anos 60 seria chamado de Lacerdinha) e o governador (hoje nome do Túnel Velho) mandou trazer da África milhares e milhares de pardais, que comeriam a tal praga. A praga sumiu, mas surgiu a praga dos pardais. Infestaram a cidade e o país. Resolveram colocar cachaça nos bebedouros públicos para matar os passarinhos. Mas o tiro saiu pela culatra. Reproduziram-se ainda em maior velocidade. João Ubaldo Ribeiro toca no tema, muito de leve, em seu livro O Sorriso do Lagarto. Ou seja, passarinho bebe cachaça, sim."

in "http://www.marioprataonline.com.br/obra/literatura/adulto/benedito/verbetes/agua_que_passarinho.htm"

06 junho 2006

Para uma amiga

Um convite, uma provocação, uma ideia, um "apetece-me", um "quero", uma oportunidade, uma canção, um livro, uma garrafa, dois copos, outra garrafa, uma praia, um mapa ( private joke... ), uma vontade. Quando vens cá outra vez ?!!!!

31 maio 2006

Os da puteda

Debate-se o estado da nação em Espanha. Da leitura do "El Periodico" - www.elperiodico.com, leio que o principal dirigente da oposição ( Mariano Rajoy ), e passo a citar a notícia, "concedió que la economia marcha bien en algunos aspectos y que "se salvan" el crecimiento, la creación de puestos de trabajo, el equilibrio en las cuentas públicas y el superávit de la seguridad social".


Agora fico na dúvida. Será ainda inevitável a comparaç
ão com Portugal, ou falamos já de realidades totalmente diferentes ?

29 maio 2006

Bye-Bye ( Sábado, 27/05/2006 )

Vi-te pela primeira vez numa loja, ali na Avenida da República, perto de onde agora estará o "Corte Inglês". Durante mais de dois anos e meio andaste comigo. Nas calças, na camisa, no carro, na carteira. De noite e de dia, no campo, na praia. Vivemos algumas aventuras juntos, não ? Mas claro que sempre contei com a tua discrição. Afinal, ainda por ti passaram alguns "dramas da vida real"... maus e bons, como em tudo. E confesso que me me custa perder duas ou três histórias que tu lá tens. Mas o que me custa mais é este fim. Sem chama, sem glória, perfeitamente normal. E inteiramente por minha culpa. Estejas onde estiveres, espero que ao menos continues a fazer o que tao bem fazias. E eu que quase nunca saía contigo aos sábados. Descuidei-me. Não estive atento. E perdi-te. Ou pior, deixei que te roubassem. De mim.

Claro que tudo passa. E, não leves a mal, mas já arranjei outro. Tem de ser. E acho que ias gostar dele. Este é um Sony-Erickon, emprestado pela Natalie. Mas quero que saibas que foste o melhor Siemens que conheci e utilizei.
Espero, sinceramente, que o cabra que ficar contigo te trate bem.


22 maio 2006

De como nos sabem tão bem algumas

Uma colombiana, colega de curso, disse-me hoje que ouviu Fado, na rádio, e que ficou encantada. E fez questão de me vir dizer. Na verdade, ouviu Madredeus, mas o principio da “coisa” é o mesmo. E como me soube bem, ouvir a uma pessoa de fora, sem grande conhecimento da nossa cultura, dizer que tinha gostado. E portanto, já lhe está prometida a “injecção” de Amália ( vá, têm de ser ! ), Carlos do Carmo, Zeca, Carlos Paredes. É o que lhe arranjo assim de repente. Sabe bem, ouvir estas coisas, e mais ainda sentir o interesse dos outros pela nossa cultura, pelo que temos, somos e fazemos. E temos coisas boas. Se são melhores ou piores, não sei. Mas são diferentes, e encerram em si mesmo uma especificidade única, muito nossa, muito portuguesa. E acho também, que nós, os que estamos fora do país, podemos e devemos ajudar a divulgar o que temos, o que fazemos e, em última medida o que somos. Porque nesta questão, como em outras, se estamos à espera que seja o Estado a divulgar o que somos por cá, vamos mal.

19 maio 2006

In Illo Tempore


Lembro-me, bem, dos finais de tarde na esplanada do Verdinho ou do Sr. Carlos ( Café Primavera... ), no terraço do PC. Ou dos fabulosos "Leões da Floresta". Do bar da AAUBI. E do Matos, do Sr. António na sua "Tasca do Estudante", da Casa Pinto. Não éramos muito de frequentar a escola, pois não ? Não, nada disso. Sempre preferimos o café, a tasca, o estar com o outro que é como que diz com os outros. E mais que conviver, viver também com eles. E sei que me desculpas a presunção semântica.

Lembro-me, bem, das tertúlias improvisadas, da verborreia farta, dos berros, gritos, encontros e desencontros, amuos. Lembro-me dos insultos fáceis e dos difíceis, de como começávamos uma conversa por amor ao tema e acabávamos no tema do amor. Desse – e agora fico na dúvida, uso tribuna, palco, feira, pensão ?... – algo mais que bar que era o “Fora-de-Horas “ e de como era fácil arrastar o Pinto até às 4 ou 5 ( desculpa Zé ! ) da manhã.

Lembro-me, bem, dos jantares. Na minha casa ( na nossa casa ), na tua casa ( eu sei, eu sei ), na tasca. Dos que eram combinados, planeados, arranjados, previstos. E dos outros, muito mais giros, quando tu ( ou vocês! ) me aparecias sem avisar e comias arroz-com-todos ou de quando eu ( nós! ) aparecia sem avisar e ouvia “estás atrasado!”. Lembro-me quando começávamos com o Pedra do Urso, passávamos para o Urso da Pedra e acabávamos que nem Ursos em precários equilíbrios em cima da Pedra. Bem. Aqui talvez já não me lembre de tudo, mas há que manter uma necessária coerência. Portanto,

lembro-me, bem, de como era normal esquecer-me de algumas coisas ( viva o eufemismo ). Mas estavas sempre lá, no dia seguinte, fosse a recordar as partes não necessárias ( eu entendo ), fosse a inventar a aventura de uma vida ( e foram algumas, não ? ), fosse a apresentar a conta ( eu e as carteiras... ). Mas do que nunca me esqueci, do que não me esqueço é que estavas sempre lá. E contigo aprendi também o antes, o durante e o depois.

Lembro-me também, já mais às escondidas, do Sorri. Do seu requintado Requinte, do seu fabuloso bacalhau-que-não-sei-onde-está-porque-o-escondi-debaixo-da-cama. Das histórias que já merecem passar a mito, das tardes com a Rádio Clube de Monsanto, das partidas de dominó à rodada no PC. E claro, daquele sorriso mestiço. Afinal, ainda foram quase aventuras mil.

Bem. E isto tudo para quê? Para que saibas, que apesar de agora aqui estar, em Barcelona, e de ter já encontrado pessoas como tu, continuo volta e meia a lembrar-me. De ti. De mim. E principalmente, que é como eu gosto de me recordar, de nós. Hotel Indústria à tua disposição, vale ? Aparece !