
Lembro-me, bem, dos finais de tarde na esplanada do Verdinho ou do Sr. Carlos ( Café Primavera... ), no terraço do PC. Ou dos fabulosos "Leões da Floresta". Do bar da AAUBI. E do Matos, do Sr. António na sua "Tasca do Estudante", da Casa Pinto. Não éramos muito de frequentar a escola, pois não ? Não, nada disso. Sempre preferimos o café, a tasca, o estar com o outro que é como que diz com os outros. E mais que conviver, viver também com eles. E sei que me desculpas a presunção semântica.
Lembro-me, bem, das tertúlias improvisadas, da verborreia farta, dos berros, gritos, encontros e desencontros, amuos. Lembro-me dos insultos fáceis e dos difíceis, de como começávamos uma conversa por amor ao tema e acabávamos no tema do amor. Desse – e agora fico na dúvida, uso tribuna, palco, feira, pensão ?... – algo mais que bar que era o “Fora-de-Horas “ e de como era fácil arrastar o Pinto até às 4 ou 5 ( desculpa Zé ! ) da manhã.
Lembro-me, bem, dos jantares. Na minha casa ( na nossa casa ), na tua casa ( eu sei, eu sei ), na tasca. Dos que eram combinados, planeados, arranjados, previstos. E dos outros, muito mais giros, quando tu ( ou vocês! ) me aparecias sem avisar e comias arroz-com-todos ou de quando eu ( nós! ) aparecia sem avisar e ouvia “estás atrasado!”. Lembro-me quando começávamos com o Pedra do Urso, passávamos para o Urso da Pedra e acabávamos que nem Ursos em precários equilíbrios em cima da Pedra. Bem. Aqui talvez já não me lembre de tudo, mas há que manter uma necessária coerência. Portanto,
lembro-me, bem, de como era normal esquecer-me de algumas coisas ( viva o eufemismo ). Mas estavas sempre lá, no dia seguinte, fosse a recordar as partes não necessárias ( eu entendo ), fosse a inventar a aventura de uma vida ( e foram algumas, não ? ), fosse a apresentar a conta ( eu e as carteiras... ). Mas do que nunca me esqueci, do que não me esqueço é que estavas sempre lá. E contigo aprendi também o antes, o durante e o depois.
Lembro-me também, já mais às escondidas, do Sorri. Do seu requintado Requinte, do seu fabuloso bacalhau-que-não-sei-onde-está-porque-o-escondi-debaixo-da-cama. Das histórias que já merecem passar a mito, das tardes com a Rádio Clube de Monsanto, das partidas de dominó à rodada no PC. E claro, daquele sorriso mestiço. Afinal, ainda foram quase aventuras mil.
Bem. E isto tudo para quê? Para que saibas, que apesar de agora aqui estar, em Barcelona, e de ter já encontrado pessoas como tu, continuo volta e meia a lembrar-me. De ti. De mim. E principalmente, que é como eu gosto de me recordar, de nós. Hotel Indústria à tua disposição, vale ? Aparece !